segunda-feira, 11 de maio de 2009

O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman

Na última sessão foi apresentado O Sétimo Selo de Ingmar Bergman.

O grupo constituído por Paula Correia, Filomena Claro, Isabel Afonso e Raquel Patriarca decidiram escrever uma crítica sobre o filme, relacionando-o com as possibilidades didácticas de exploração numa sala de aula.

O texto que se segue é da autoria desse grupo.

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O Sétimo Selo
Ingmar Bergman, 1918 – 2007


Opinião Geral:

O filme é muito bonito, carregado de simbolismo de um sentido estético extraordinário. O facto de ser a preto e branco, a simplicidade dos cenários e a banda sonora despida de artifícios mas cheia de impacto, transportam-nos para o passado e impregnam-nos do ambiente medieval.
Encontramos como questões centrais a vida terrena e quotidiana, a constante presença da morte, a existência ou não de uma vida eterna e o papel do Homem no centro de tudo, como elemento de vivências sociais, políticas e religiosas, pivô da trilogia fé, dúvida e conhecimento.
Os temas são tratados com grande densidade intelectual e alguma ironia, obrigando-nos a colocar perguntas a nós próprios, e a olhar o mundo à nossa volta com um olhar diferente.

Em Ambiente de Aula:

Este filme apresenta excelentes perspectivas para trabalhar diversos temas:
• A análise da dualidade superstição e obscurantismo versus actividade intelectual e filosófica, ambas tão características da cultura medieval;
• O estudo do chamado “longo século XIV”, dos seus aspectos mais marcantes – peste, fome e guerra, bem como das questões associadas bem presentes no filme como as crises de fé ou as migrações em massa;
• A abordagem deste cenário como fase de charneira entre o Período Medieval e os primeiros sintomas da Época Moderna;
• A problematização de questões como a ‘promessa’ das Cruzadas, a vivência quotidiana da religião ou as pregações e a ameaça permanente da condenação e do castigo divino, no âmbito mais alargado do papel da Igreja na vida dos homens e mulheres desta época;
• A análise de questões mais isoladas ou pontuais, que podem ter grande interesse e significado: a imagem da mulher, a imagem da morte, etc.

No caso de se usarem apenas excertos do filme, propomos os seguintes:
Cena dentro da capela em que se estabelece um diálogo entre o pintor e o escudeiro e, paralelamente, uma conversa/confissão entre o cavaleiro e a morte.
Cena que contempla no primeiro momento a peça de teatro no centro da aldeia e, no segundo, a procissão dos flagelados e o breve sermão do pregador.
Cena da estalagem, repleta de pormenores da vivência quotidiana medieval, de conversas sobre os receios e sentimentos comuns acerca da moralidade dos actos e da pureza da alma, seguidas de atitudes de violência e intolerância também características da época.
Cena do auto-de-fé em que é sentenciada uma inocente e que dá origem ao diálogo entre o cavaleiro e o escudeiro sobre a questão da existência ou ausência da vida eterna,

Propomos, depois da análise e do trabalho feito na aula, como exercício ou sugestão de trabalho – que poderia ser individual o em grupo – as seguintes abordagens:
• Estabelecer e desenvolver uma relação entre as personagens do cavaleiro Antonius Block e do escudeiro Jöns de Bergman com as personagens do cavaleiro D. Quixote e do escudeiro Sancho Pança de Cervantes.
• Problematizar a relação do Homem com o sentido da vida e da morte no contexto da mentalidade da Época Medieval e no contexto da Europa do Pós Segunda Guerra Mundial em que foi realizado o filme.
• Reflectir e desenvolver a importância simbólica do jogo de xadrez no enredo da história do filme e no cenário mais alargado da Época retratada.

2 comentários:

  1. Gostei muito de ver o filme O Sétimo Selo de Ingmar Bergman, embora em contexto de sala de aula não seja dos mais fáceis de utilizar.
    Impressionaram-me particularmente as cenas relativas á procissão de penitentes e o auto-de-fé. A "crueza" destas imagens, a fealdade presente nestas cenas e a música, contribuem para entrarmos em contacto com um mundo sombrio, embrutecido, grotesco, do qual a beleza está afastada.
    Apesar do acima descrito,utilizaria estas cenas numa aula do 10º ano de escolaridade, no caso de alunos que apresentassem mais maturidade, passaria todo o filme. Recorreria também ao powerpoint ou movie maker para mostrar imagens que representam a relação entre o Homem e a Morte na época medieval(pintura da época).
    Carla Brito

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  2. Pessoal comprei esse filme maravilhoso. I´´eia sensacional, cenário fabuloso..

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