sábado, 16 de maio de 2009

Um filme sobre a Revolução Russa

Caríssimos

Foi com enorme surpresa que vos ouvi, no início da segunda sessão, quase por unanimidade, falar da revolução russa de 1917 e da evolução política que se lhe seguiu como um dos temas mais difíceis de leccionar. E mais surpreendido fiquei quando praticamente todas e todos acrescentaram que os temas políticos, em geral, eram áridos, e que os alunos actualmente tinham dificuldade em perceber bem as simples e clássicas distinções "esquerda" e "direita".

A nossa proposta de hoje, a "Arca Russa", foi claramente um caminho exigente, que requer muito 'trabalho de casa' (como o que o André Vitória fez). Creio que todos concordaremos que é uma experiência de cinema quase única.

Caminhos mais clássicos:

1. Os dois filmes do Sergei Eisenstein: o "Couraçado Potemkine", um marco na história do cinema, um filme a preto e branco, muito datado e 'mudo' (isto é, com banda sonora, excelente, mas em que as 'falas' aparecem por escrito, porque não se gravava a voz nem os sons de fundo). Não é um filme fácil; pode dar para os mais velhos, sempre com um enquadramento cuidadoso; e o "Outubro", um pouco mais documental e menos documental. Há excertos dos dois no You Tube, para dar uma ideia do tipo de imagem e de ritmo.

2. Para os nossos alunos, o filme mais útil e mais eficaz é sem dúvida o "Reds", de 1981, realizado pelo Warren Beatty. Baseado num livro clássico do jornalista americano John Reed, "Dez dias que abalaram o mundo" (leitura que, aliás, podemos sugerir aos mais velhos e aos mais inteterssados, como complemento para o filme), o filme teve três óscares, embora estivesse nomeado para quase todas as categorias, e é geralmente considerado como um dos 10 indiscutíveis na lista dos melhores filmes épicos de sempre. O Warren Beatty contracena com a Diane Keaton. Pelo meio, aparecem, de fugida, outras caras conhecidas, como o Jack Nicholson ou o Gene Hackman.
Como recriação dos acontecimentos e dos ambientes, e para o nosso 'público-alvo', é sem dúvida o filme a utilizar.
Não tem praticamente anacronismos ou erros históricos (e os que tem são muito divertidos e de pormenor).
Mas atenção: o filme demora mais de três horas. Por isso, na sala de aula só podemos passar excertos de cinco a sete minutos (há vários possíveis e muito bons). Se esses excertos fizerem sucesso, em actividade extra-aula ou no tal "Clube de Cinema" podemos arriscar o filme inteiro. Os miúdos gostam; vão por mim.

Outra coisa: para os séculos XVIII (final) ao início do século XXI, entre a numerosa bibliografia, sugerimos um historiador muito inteligente, que escreve bem e 'comprometido', o Eric Hobsbawm.
Tem vários livros traduzidos que nos podem ajudar a leccionar matérias.
Neste blog disponibilizaremos esses títulos a partir do dia 16 de Maio.

Luís Miguel Duarte

7 comentários:

  1. Para a evolução política que seguiu a revolução russa recomendo vivamente ver o documentário de 1929 "Man with a movie camara" de Dziga Vertov.
    Pilar

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  2. Arca Russa, magnífico filme, a ideia, a realização. Concordo, foi uma experiência única, não se compreende como um acontecimento sem precendentes no cinema pode passar assim desapercebido.
    “Estamos condenados a navegar eternamente” magistral final, a imagem a construção da metáfora.
    Alem das referencias históricas, poder-mos-ia falar durante horas sobre outros aspectos do filme, a mim interessou-me esta frase: “É a beleza o que lhe interessa ou só a sua representação” também é um filme sobre a beleza e sobre a sua fragilidade.

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  3. Esqueci de comentar que o documentário do Vertov esta disponível no you tube.
    (o comentário anterior é meu, esqueci de assinar)
    Pilar

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  4. Um filme sem dúvida diferente. Não estava à espera de ver um filme sobre a Rússia desde o século XVIII até á actualidade, que parte de uma situação insólita e cuja história se desenvolve passando por situações insólitas. O filme explora a necessidade ou não da europeização da Rússia. O primeiro nome focado é o de Pedro, O Grande, personagem com pouco destaque nos programas de história.
    No que diz respeito a Catarina, A Grande, o estudo do despotismo Iluminado permite um conhecimento que ultrapassa o superficial, em relação á mesma.Relativamente ao czar Nicolau, os conhecimentos dos alunos(secundário) permitem que percebam a abordagem que é feita ao mesmo.
    O Marquês de Custine é assaz interessante ao começar por criticar a necessidade que a Rússia tem de "imitar" a Europa. Vai dando a conhecer pormenores dessa mesma "imitação" e termina com uma visão menos crítica da alma russa.No início do filme ele interroga-se a si próprio porque está a falar em russo. A aproximação à Europa levava a corte russa, os intelectuais e mesmo alguns funcionários a utilizarem o francês, o alemão diariamente ,deixando muitas vezes o russo num segundo plano.
    Passar ou não o filme, eis a questão que se coloca...
    Caso tivesse uma turma muito especial poderia fazê-lo. Precisaria de pelo menos 45 minutos de uma aula para "contextualizar" os alunos abordando as temáticas que são exploradas de forma mais superficial a nível dos programas de História.
    Carla Brito

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  5. Olá,boa tarde!!!
    Encontrei este blog enquanto deambulava pela net procurando imagens de filmes que pudessem ajudar os meus alunos a enquadrar a revolução Russa...
    Fiquei muito surpresa, agradavelmente surpresa, e ,se me permitem,voltarei aqui muitas mais vezes!!!
    Manuela Catarino

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  6. UM bom filme que costumo trabalhar é Animal Farm ( Revolução dos bichos), filme baseado no livro de George Orwell...

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  7. oi pessoal que legal esse blog, faço coleçção de dvd´s e livros que possam ajudar na eduacação da minha filha e estava procurando alguma coisa sobre RED's. Parabéns pelo blog, isso me deixa feliz enfim professores que cumprem com o propósito... Parabéns mesmo. aceito ajuda para ilustrar meus roteiros culturais e históricos darei uma palestra para alguns poucos passageiros sobre a Rússia, mas irei mergulhar na história para que eles possam visutar locais, e apreciar com veracidade.

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